Opinião
- 01 de setembro de 2017
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Como contar uma boa história bíblica para crianças?
Por Márcia Barbutti
Boa parte da bíblia é de narrativas. Isso quer dizer que Deus escolheu revelar a verdade usando esse método e, por isso, “ele selecionou contadores de histórias altamente competentes” que desenvolveram essa forma de literatura de maneira fantástica.
Crianças gostam muito de ouvir histórias, e uma boa história contada com entusiasmo, vibração e olho no olho, fascina a criançada – e adultos também.
Quando pensamos em contar uma história para crianças, temos que ter em mente em que contexto será contada. Será em casa, na igreja, em um evento? Qual a idade predominante? Que ferramentas – livro, figuras, slides, objetos – eu tenho à mão? Qual o tempo e espaço disponíveis? Temos que pensar nesses detalhes (e outros mais), porém, para a nossa conversa aqui, veremos alguns princípios que podem ser usados em diferentes contextos e com diferentes idades para contar uma boa história bíblica. Então vamos lá.
1. Mergulhe no texto bíblico lendo o trecho algumas vezes, de preferência usando diferentes versões. Excelentes aplicativos nos fornecem versões variadas. Veja o contexto da história, ou seja, pergunte-se: “o que aconteceu antes e depois?”. Compreenda as verdades ensinadas no texto, ainda que você não vá explorá-las todas na narrativa.
2. Faça um esboço com os tópicos principais, mas não leia quando for contar a história.
3. Prepare uma introdução que capte a atenção das crianças. Ela é como um convite para entrar na história. Dicas:
• Contar um fato curioso ou uma pergunta intrigante que tenha a ver com o enredo. Exemplo: Você sabe quem comeu o primeiro hambúrguer da história? (Elias comeu pão e carne trazidos pelos corvos).
• Uma brincadeira rápida como achar um objeto perdido, fazer mímica ou desenho para o outro identificar, fazer um percurso com olhos vendados, brincadeira da forca com uma palavra chave da narração, etc.
• Saborear algo (principalmente se a história tem a ver com banquete) ou estimular o olfato.
• Contar uma pequena ilustração ou comentar algum acontecimento da semana.
• Importante: Mantenha o contato visual com as crianças.
4. Dinamize
• Emoções: ao contar a história, faça com vida e entusiasmo. Fixe a disposição emocional da história. Alguma coisa vai acontecer... é triste, é alegre, é emocionante?
• Voz: use a sua voz para demonstrar essas diferentes emoções. Alterne o volume (alto e baixo). Quanto ao ritmo, se a ação é emocionante então fale mais rápido e firme. Se a ação é triste ou mais séria fale mais devagar. Não se esqueça de fazer pausas, principalmente na mudança de fato ou situação. Isso ajuda a criar a emoção que você quer.
• Expressões faciais: mostre sentimentos como alegria, tristeza, medo, espanto, nojo... Treine, treine e treine!
• Diálogo: mude sua voz para falar como cada personagem. Treine, treine e treine!
• Ações e gestos: quando o personagem da história sai andando ou correndo, saia do seu lugar. Quando a personagem se abaixa para colocar ou pegar algo no chão ou lugar alto, faça o mesmo.
• Imaginação: use a imaginação, fale do calor do sol, ou frio da noite, do cheiro do mar, de peixe, do barulho das pessoas... Mas nunca dê a ideia de que isso esteja escrito na Bíblia. Lembre-se de usar expressões que mostrem que você está usando a sua imaginação. Exemplo: Talvez, é possível, pode ser que... Faça a criança “entrar na história” com essas intervenções de imaginação.
• Efeitos sonoros: choro, trovão (uma boa radiografia faz sucesso), alguém batendo a porta, chuva...
• Figurino: você não precisa de roupas especiais e sim pedaços de TNT. Amarre-o como uma canga de praia ou algo do tipo, tenha faixas para prender na cintura. Com lápis de cor aquarelável você pode fazer bigodes, barbas, machucados... Você também pode usar um acessório que caracterize o personagem (uma coroa, cajado, um chapéu, um tira na cabeça...). Eu gosto muito da contadora de histórias Bia Bedran. Procure no Youtube alguns vídeos dela. Eu sugiro "A história do pescador, do anel e do rei". Veja a sua vivacidade e como alguns acessórios dão vida e identidade aos personagens.
• Cenário: alguns objetos simples nos ajudam a compor um ambiente bem bacana. Um jarro de flores artificiais sobre a mesa, por exemplo, já dá ideia de um ambiente de sala de estar onde Jesus conversava com Maria e Lázaro. Um travesseiro e uma cobertinha, já indica um quarto.
• Seja imprevisível: surpreenda as crianças com algo incomum de vez em quando. Mude o ambiente (com cadeiras, sem cadeiras) e mude de ambiente. Que tal contar a história ao ar livre?
5. Recursos visuais - As cenas que encontramos em livros ou bíblias ilustradas são de grande ajuda, mas você também pode selecionar cenas para a história que quer contar. Neste site tem centenas de ilustrações para você montar PowerPoints ou algo do gênero. Você também pode usar objetos que se tornam personagem. Certa vez eu contei a história da cura dos dez leprosos usando dez balas (os leprosos) e um bombom (Jesus). A turma da Rá-Tim-Bum da TV Cultura são feras nesse quesito. Assista a esses vídeos nos quais os contadores usam objetos no lugar dos personagens:
- A história da lagarta.
- Zoológico.
6. Perguntas – Geralmente as perguntas que fazemos às crianças são informativas (quem, quando, onde, como), mas tenha em mente perguntas analíticas que levam a criança a pensar na situação vivida pelos personagens. Exemplo: “Em sua opinião, por que Marta ficou com tanta raiva de Maria?” Faça também perguntas pessoais, nas quais ela se coloca no lugar do personagem. Exemplo: “Se você fosse Marta, você falaria daquele jeito com Jesus?” Observe que não há uma resposta na Bíblia para esses dois tipos de perguntas, mas fazer perguntas assim leva a criança a pensar nas diferentes possibilidades e você terá a oportunidade de conhecer mais sobre o que e, como pensam suas crianças.
7. Clímax da história – Tenha um ponto culminante. Aqui é o melhor momento para fazer a aplicação. História sem aplicação é divertimento. Cuidado para que suas aplicações não sejam moralistas (faça isso, faça aquilo). Tenha sempre em mente que a história que você está contando é parte da Grande História da Redenção. “Estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo 20.31).
8. Conclusão – Faça um breve apanhado. Não prolongue e nem insira assunto novo.
9. Remova as distrações – celular, brinquedos, balas, doces ou coisas do tipo devem ser guardados para manter a criança focada na história.
10. Ore por esse momento especial com as crianças. Contar histórias é mais do que mostrar a sequência de fatos, ela tem o objetivo de aproximar a criança de Deus, conhecê-lo por meio dos seus feitos. Lembre-se: “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus” (Rm 10.17).
Clique aqui e assista uma história bíblica bem contada pelo evangelista Vinícius Rangel, da IPB de Cuiabá – MT.
Boa parte da bíblia é de narrativas. Isso quer dizer que Deus escolheu revelar a verdade usando esse método e, por isso, “ele selecionou contadores de histórias altamente competentes” que desenvolveram essa forma de literatura de maneira fantástica.
Crianças gostam muito de ouvir histórias, e uma boa história contada com entusiasmo, vibração e olho no olho, fascina a criançada – e adultos também.
Quando pensamos em contar uma história para crianças, temos que ter em mente em que contexto será contada. Será em casa, na igreja, em um evento? Qual a idade predominante? Que ferramentas – livro, figuras, slides, objetos – eu tenho à mão? Qual o tempo e espaço disponíveis? Temos que pensar nesses detalhes (e outros mais), porém, para a nossa conversa aqui, veremos alguns princípios que podem ser usados em diferentes contextos e com diferentes idades para contar uma boa história bíblica. Então vamos lá.
1. Mergulhe no texto bíblico lendo o trecho algumas vezes, de preferência usando diferentes versões. Excelentes aplicativos nos fornecem versões variadas. Veja o contexto da história, ou seja, pergunte-se: “o que aconteceu antes e depois?”. Compreenda as verdades ensinadas no texto, ainda que você não vá explorá-las todas na narrativa.
2. Faça um esboço com os tópicos principais, mas não leia quando for contar a história.
3. Prepare uma introdução que capte a atenção das crianças. Ela é como um convite para entrar na história. Dicas:
• Contar um fato curioso ou uma pergunta intrigante que tenha a ver com o enredo. Exemplo: Você sabe quem comeu o primeiro hambúrguer da história? (Elias comeu pão e carne trazidos pelos corvos).
• Uma brincadeira rápida como achar um objeto perdido, fazer mímica ou desenho para o outro identificar, fazer um percurso com olhos vendados, brincadeira da forca com uma palavra chave da narração, etc.
• Saborear algo (principalmente se a história tem a ver com banquete) ou estimular o olfato.
• Contar uma pequena ilustração ou comentar algum acontecimento da semana.
• Importante: Mantenha o contato visual com as crianças.
4. Dinamize
• Emoções: ao contar a história, faça com vida e entusiasmo. Fixe a disposição emocional da história. Alguma coisa vai acontecer... é triste, é alegre, é emocionante?
• Voz: use a sua voz para demonstrar essas diferentes emoções. Alterne o volume (alto e baixo). Quanto ao ritmo, se a ação é emocionante então fale mais rápido e firme. Se a ação é triste ou mais séria fale mais devagar. Não se esqueça de fazer pausas, principalmente na mudança de fato ou situação. Isso ajuda a criar a emoção que você quer.
• Expressões faciais: mostre sentimentos como alegria, tristeza, medo, espanto, nojo... Treine, treine e treine!
• Diálogo: mude sua voz para falar como cada personagem. Treine, treine e treine!
• Ações e gestos: quando o personagem da história sai andando ou correndo, saia do seu lugar. Quando a personagem se abaixa para colocar ou pegar algo no chão ou lugar alto, faça o mesmo.
• Imaginação: use a imaginação, fale do calor do sol, ou frio da noite, do cheiro do mar, de peixe, do barulho das pessoas... Mas nunca dê a ideia de que isso esteja escrito na Bíblia. Lembre-se de usar expressões que mostrem que você está usando a sua imaginação. Exemplo: Talvez, é possível, pode ser que... Faça a criança “entrar na história” com essas intervenções de imaginação.
• Efeitos sonoros: choro, trovão (uma boa radiografia faz sucesso), alguém batendo a porta, chuva...
• Figurino: você não precisa de roupas especiais e sim pedaços de TNT. Amarre-o como uma canga de praia ou algo do tipo, tenha faixas para prender na cintura. Com lápis de cor aquarelável você pode fazer bigodes, barbas, machucados... Você também pode usar um acessório que caracterize o personagem (uma coroa, cajado, um chapéu, um tira na cabeça...). Eu gosto muito da contadora de histórias Bia Bedran. Procure no Youtube alguns vídeos dela. Eu sugiro "A história do pescador, do anel e do rei". Veja a sua vivacidade e como alguns acessórios dão vida e identidade aos personagens.
• Cenário: alguns objetos simples nos ajudam a compor um ambiente bem bacana. Um jarro de flores artificiais sobre a mesa, por exemplo, já dá ideia de um ambiente de sala de estar onde Jesus conversava com Maria e Lázaro. Um travesseiro e uma cobertinha, já indica um quarto.
• Seja imprevisível: surpreenda as crianças com algo incomum de vez em quando. Mude o ambiente (com cadeiras, sem cadeiras) e mude de ambiente. Que tal contar a história ao ar livre?
5. Recursos visuais - As cenas que encontramos em livros ou bíblias ilustradas são de grande ajuda, mas você também pode selecionar cenas para a história que quer contar. Neste site tem centenas de ilustrações para você montar PowerPoints ou algo do gênero. Você também pode usar objetos que se tornam personagem. Certa vez eu contei a história da cura dos dez leprosos usando dez balas (os leprosos) e um bombom (Jesus). A turma da Rá-Tim-Bum da TV Cultura são feras nesse quesito. Assista a esses vídeos nos quais os contadores usam objetos no lugar dos personagens:
- A história da lagarta.
- Zoológico.
6. Perguntas – Geralmente as perguntas que fazemos às crianças são informativas (quem, quando, onde, como), mas tenha em mente perguntas analíticas que levam a criança a pensar na situação vivida pelos personagens. Exemplo: “Em sua opinião, por que Marta ficou com tanta raiva de Maria?” Faça também perguntas pessoais, nas quais ela se coloca no lugar do personagem. Exemplo: “Se você fosse Marta, você falaria daquele jeito com Jesus?” Observe que não há uma resposta na Bíblia para esses dois tipos de perguntas, mas fazer perguntas assim leva a criança a pensar nas diferentes possibilidades e você terá a oportunidade de conhecer mais sobre o que e, como pensam suas crianças.
7. Clímax da história – Tenha um ponto culminante. Aqui é o melhor momento para fazer a aplicação. História sem aplicação é divertimento. Cuidado para que suas aplicações não sejam moralistas (faça isso, faça aquilo). Tenha sempre em mente que a história que você está contando é parte da Grande História da Redenção. “Estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome” (Jo 20.31).
8. Conclusão – Faça um breve apanhado. Não prolongue e nem insira assunto novo.
9. Remova as distrações – celular, brinquedos, balas, doces ou coisas do tipo devem ser guardados para manter a criança focada na história.
10. Ore por esse momento especial com as crianças. Contar histórias é mais do que mostrar a sequência de fatos, ela tem o objetivo de aproximar a criança de Deus, conhecê-lo por meio dos seus feitos. Lembre-se: “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir a palavra de Deus” (Rm 10.17).
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É editora assistente da Editora Cultura Cristã, responsável pelos materiais infanto-juvenis.
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